Fórum debate a amamentação na fissura labiopalatina





 

Roda de Conversa menor

O 10º Colegiado do CREFONO1 promoveu seu 11º Fórum com Roda de Conversa nesta segunda-feira (31 de agosto), no auditório do Conselho Regional de Fonoaudiologia, no Centro do Rio. Em pauta, “A importância da interdisciplinaridade para o sucesso da amamentação na fissura labiopalatina“, com a fonoaudióloga Vanessa Mouffron (CRFa 1-6965-6), chefe do Setor de Fonoaudiologia do Centro de Tratamento de Anomalias Craniofaciais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (CTAC/UERJ), a ortodontista Beatriz Guimarães, chefe do setor de Odontologia do CTAC e a nutricionista Sandra Ventura, chefe do Setor de Nutrição do CTAC/UERJ.

Fonoaudiólogas e estudantes de Fonoaudiologia participaram das discussões, que encerraram a Campanha Nacional “Saúde, o Seio da Questão” 2015 no Rio de Janeiro, em sua 12ª edição regional e quinta, nacional.

A presidente do CREFONO1, Lucia Provenzano (CRFa 1- 1700), abriu o evento, agradecendo a presença da equipe do CTAC/UERJ, referência no Rio de Janeiro para tratamento de pacientes com fissura labiopalatina e parabenizando Sandra Ventura pelo Dia do Nutricionista, comemorado em 31 de agosto.

A fonoaudióloga Vanessa Mouffron, que há cinco anos trabalha com bebês com fissura no lábio ou palato, contextualizou os desafios no Brasil e no mundo diante dos altos índices de desmame precoce em aleitamento materno no geral, para depois abordar o aleitamento materno exclusivo em bebês com fissura. “É preciso ter atenção desde o pré-natal. O profissional de saúde tem o principal papel de atuar para incentivar a mãe, que precisa de apoio, e a família, que precisa ser envolvida. Um para cada 650 bebês que nascem é diagnosticado com fissura labiopalatina, mas ela ainda é muito subnotificada e esses números podem ser maiores”, afirmou Vanessa Mouffron.

Para a chefe do setor de Fonoaudiologia do CTAC/UERJ, quando a mãe quer, é possível. “A dificuldade invariavelmente está na extração do leite. É preciso saber onde as dificuldades estão para tentarmos, juntos, superá-las, porque elas variam de acordo com o grau de complexidade da fissura. Não podemos subestimar a capacidade do bebê”, ensina ela.

Vanessa Mouffron explicou que a falta de informação dos profissionais de saúde muitas vezes leva a riscos, como prolongamento da alta hospitalar, risco de broncoaspiração, uso precoce de via alternativa de alimentação e introdução desnecessária de outros utensílios. Os participantes, então, manusearam diversos tipos de mamadeiras e bicos apropriados para cada tipo de fissura. “Muitas vezes é preciso fazer ordenha e lançar mão de outras técnicas”, admitiu a fonoaudióloga.

A equipe interdisciplinar do CTAC/UERJ para atendimento a fissuras labiopalatinas conta com pediatra, ortodontista, fonoaudiólogo, nutricionista, psicólogo, cirurgião plástico, psicopedagogo, assistente social, otorrinolaringologista, fisioterapeuta, enfermeiro e clínico médico. “Todo o paciente que chega vai passar pela triagem com todos esses profissionais. É muito importante o encaminhamento precoce para minimizar sequelas”, ressaltou Vanessa Mouffron.

A ortodontista Beatriz Guimarães explicou que as próteses obturadoras (placas) são feitas por ortodontistas e seu objetivo é evitar a regurgitação pelo nariz, ajudar no fechamento da fissura e possibilitar a amamentação. “Em Bauru (USP/SP), eles não usam, porque não têm controle da criança mensalmente. Nós (CTAC/UERJ) temos, e trocamos continuamente a placa de acordo com o crescimento. Damos todas as orientações sobre a manutenção diária”, salientou Beatriz, que há 14 anos trabalha com bebês e pacientes fissurados no lábio ou palato.

Ela disse ainda que o modelador nasal é ainda mais complicado, porque requer acompanhamento semanal. Segundo Beatriz Guimarães, sua utilização ajuda na posição do nariz no momento da cirurgia, auxilia a respiração nasal e evita problemas respiratórios e auditivos.

Já a nutricionista Sandra Ventura trouxe um levantamento feito por seu setor no CTAC que registra a prevalência de aleitamento materno exclusivo nos diferentes tipos de fissura de 2004 a 2014. “Entendam que o que importa para nós é que esse bebê receba o leite da mãe, seja através do seio materno, colher, copo, mamadeira, do jeito que a fonoaudióloga disser que é a maneira mais adequada”, assinalou Sandra, que disse que as nutricionistas no CTAC trabalham muito em conjunto com as fonoaudiólogas para estimular o aleitamento materno.

Na Roda de Conversa, profissionais que trabalham com fissuras labiopalatinas (ou não) puderam esclarecer dúvidas ou saber mais sobre temas como as placas obturadoras e a Síndrome de Pierre Robin, uma tríade de anomalias, que se caracteriza pela presença de deformação da mandíbula inferior, “língua mole” e fissura palatina, sendo que esta última não está presente em todos os casos da síndrome.

“Estamos à disposição para atendimento e troca de informações. É só ligar e agendar”, informou Vanessa Mouffron.

Lucia Provenzano afirmou que o objetivo do 11º Fórum foi alcançado, já que levou informação à classe fonoaudiológica, aproximou o fonoaudiólogo do seu Conselho Regional, possibilitou a troca de experiências e a interação profissional.

Participaram ainda do evento as conselheiras Lígia Ribeiro (CRFa 1- 11220), vice presidente do CREFONO1; Kátia Santana (CRFa 1-5399), diretora secretária; Vanessa Jurelevicius (CRFa 1-11196), diretora tesoureira; Leila Mendes (CRFa 1-4404), coordenadora da Subcomissão de Voz; e Andrea Michaela Leal (CRFa 1-8182), presidente da Subcomissão de Linguagem.

 

 

 

 

 

 

 

 

Por Rose Maria, Assessoria de Imprensa, em 1º de setembro de 2015.

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