As novas perspectivas para a fonoaudiologia educacional no Rio de Janeiro





A fonoaudióloga Maria Lúcia Novaes Menezes (CRFa 1-2530) é a criadora da escala de Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem (ADL).  Em novembro, Maria Lúcia veio até a sede do Conselho Regional de Fonoaudiologia da 1ª Região, localizada no Centro do Rio de Janeiro e ao conversar com a Presidente do 13º Colegiado Simone Braga (CRFa 1-7537), foi convidada para um encontro especial, recheado de histórias, ideias e aprendizados sobre a atuação da fonoaudiologia na área da educação.

No mês do fonoaudiólogo, o Conselho Regional de Fonoaudiologia da 1ª Região compartilha os resultados deste encontro com uma das fonoaudiólogas mais importantes do Rio de Janeiro.

A Diretora Secretária Ana Lúcia Gomes de Mattos (CRFa 1-0844), o Presidente da Comissão de Assuntos Parlamentares Thiago Roseiro (CRFa 1-12757) e a Assessora de Imprensa Tatiana Borges também participaram da conversa.

Maria Lúcia foi convidada para integrar grupo técnico de trabalho, num futuro próximo,  com o objetivo de discutir possíveis atualizações na legislação vigente sobre a atuação dos fonoaudiólogos na educação, especialmente com as crianças da pré-escola.

Esse grupo pretende avaliar o cenário, os problemas e estabelecer um parecer do que o Conselho Regional de Fonoaudiologia da 1ª Região acredita que seria ideal para a atuação do fonoaudiólogo na área de educação no estado do Rio de Janeiro.

Os argumentos e conclusões serão encaminhados para o Conselho Federal de Fonoaudiologia para que sejam avaliadas possíveis atualizações na resolução vigente sobre esse assunto.

Atualmente, a resolução CFFa nº 387, de 18 de setembro de 2010 dispõe sobre as atribuições e competências do profissional especialista em Fonoaudiologia Educacional reconhecido pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia.

De acordo com o item 4 do artigo 3º

Competências/Processo Produtivo: O domínio do especialista em Fonoaudiologia Educacional inclui aprofundamento em estudos específicos e atuação em situações que impliquem em:

a) Participar do diagnóstico institucional a fim de identificar e caracterizar os problemas de aprendizagem tendo em vista a construção de estratégias pedagógicas para a superação e melhorias no processo de ensino–aprendizagem.

b) Atuar de modo integrado à equipe escolar a fim de criar ambientes físicos favoráveis à comunicação humana e ao processo de ensino-aprendizagem.

c) Desenvolver ações educativas, formativas e informativas com vistas à disseminação do conhecimento sobre a interface entre comunicação e aprendizagem para os diferentes atores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem: gestores, equipes técnicas, professores, familiares e educandos, inclusive intermediando campanhas públicas ou programas intersetoriais que envolvam a otimização da comunicação e da aprendizagem no âmbito educacional;

d) Desenvolver ações institucionais, que busquem a promoção, prevenção, diagnóstico e intervenção de forma integrada ao planejamento educacional, bem como realizar encaminhamentos extraescolares, a fim de criar condições favoráveis para o desenvolvimento e a aprendizagem;

e) Participar das ações do Atendimento Educacional Especializado – AEE de acordo com as diretrizes específicas vigentes do Ministério da Educação;

f) Orientar a equipe escolar para a identificação de fatores de riscos e alterações ocupacionais ligadas ao âmbito da fonoaudiologia;

g) Participar da elaboração, execução e acompanhamento de projetos e propostas educacionais, contribuindo para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem, a partir da aplicação de conhecimentos do campo fonoaudiológico;

h) Desenvolver ações voltadas à consultoria e assessoria fonoaudiológica no âmbito educacional;

i) Participar de Conselhos de Educação nas diferentes esferas governamentais;

j) Processos de formação continuada de profissionais da educação;

k) Realizar e divulgar pesquisas científicas que contribuam para o crescimento da educação e para a consolidação da atuação fonoaudiológica no âmbito educacional.

Segundo Maria Lúcia, é importante que os fonoaudiólogos estejam dentro das escolas para avançar na educação.

– Na minha opinião, não adianta um trabalho de reforço escolar se a criança tem um problema de linguagem. Eu gostaria que tivesse uma lei que as crianças das escolas do município do Rio de Janeiro com transtorno de linguagem, ainda na pré-escola, fossem avaliadas quando não conseguissem se comunicar em sala de aula por um fonoaudiólogo… Quando a criança vai para o primeiro ano com uma dificuldade enorme de linguagem, ela não consegue acompanhar e vai ficando cada vez mais com dificuldades – disse Maria Lúcia.

Maria Lúcia relembrou também momentos importantes da sua trajetória profissional. Fonoaudióloga PhD Especialista em Linguagem, dedicou-se principalmente ao estudo do desenvolvimento da linguagem e de seus transtornos.

A formação acadêmica na área do desenvolvimento e transtornos da linguagem teve início em cursos de pós- graduação no Departamento de Fonoaudiologia da Universidade de Nova Iorque (NYU), de 1981 a 1983, onde nasceu à base dos seus estudos e pesquisas no desenvolvimento e em transtornos de linguagem. Em 1987, a fonoaudióloga foi convidada pelo Neurologista Infantil, Dr. Leonardo de Azevedo, chefe da neurologia do Instituto Fernandes Figueira (IFF) /FIOCRUZ, para montar e coordenar o Ambulatório de Fonoaudiologia Especializado em Linguagem (AFEL) onde permaneceu até o ano de 2014, quando se aposentou.

Antes, em 2001, Maria Lúcia iniciou o doutorado na Pós-Graduação do Instituto Fernandes Figueira/FIOCRUZ e teve como orientador Dr. Juan Lerena, que expandiu seus conhecimentos para a genética. Os co-orientadores foram à fonoaudióloga Dra. Brasília Chiari da UNIFESP e Dr. Adailton Pontes, que foram fundamentais nos estudos sobre desenvolvimento da linguagem e seus transtornos. Neste doutorado, surgiu a vontade de criar uma escala para avaliar o desenvolvimento da linguagem da criança brasileira, com bases no seu contexto e respeitando a sua cultura. E foi assim que nasceu a ADL – Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem, que já está em sua segunda edição.

Em 2017, Maria Lúcia retornou ao IFF como pesquisadora convidada e como autora e coordenadora do projeto de pesquisa intitulado “Transtorno de Desenvolvimento de Linguagem em Pré- Escolares: um fator de risco para a alfabetização”. Este projeto foi concluído em 2019 e um artigo com os resultados deste estudo foi enviado para publicação em 2022.

​​> Saiba mais sobre a ADL – Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem clicando aqui. 

> Leia aqui a resolução CFFa nº 387, de 18 de setembro de 2010. 

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